sexta-feira, 13 de julho de 2012

O que fazemos, quando fazemos análise?


Durante muito tempo fiz essa pergunta: O que fazemos quando fazemos análise?
Em nossa sociedade contemporânea temos a ideia que ao final de qualquer percurso, existirá uma plaqueta: “The end”. O final feliz, mas o que seria um final feliz em psicanálise? Como todo neurótico, a princípio temos a ideia que vamos nos transformar em outra pessoa: mais inteligente, bonito, hábil, enfim seres perfeitos. Geralmente são os outros, nossos semelhantes, rivais, chefes os responsáveis pelas nossas mazelas... Enfim, a responsabilidade de nossa vida é sempre do outro ou do Outro. Até que um dia, num percurso de uma análise, nos deparamos com a nossa responsabilidade. Nossa queixa transforma-se em questão. Por que nos queixamos daquilo que justamenta causamos em nós mesmos?
       O sujeito busca no Outro algo que lhe restaure a felicidade, lhe tire do sofrimentoà complemente sua falta com algo.
       DEMANDA DE AMOR à DESEJO DE SABER
                                                                   ENÍGMA
Ao longo de uma análise, percebemos também, que temos escolhas e opções antes não percebidas, víamos uma única saída, a via da repetição: nossa miséria neurótica.
       O neurótico – Tem um estilo que se repete, a partir da análise outras significações vão surgindo, movido pela transferência e a interpretação. EU NÃO TINHA PENSADO NISSO!!!
O neurótico calcula para ser amado. Ele busca sempre desejar o desejo do Outro. O neurótico “está de olho” não no objeto a ser satisfeito, mas no jeito que o outro deseja o  seu objeto.  E calcula, faz contas. Cálculos esses que fizemos para sermos amados, cálculos que muitas vezes nos levaram aos nossos fracassos. Dia a dia na análise nos encaminhamos, a uma parte de nós que não queríamos saber
       A demanda surge daquele que sofre, como um apelo/amor
       O analista não responde a demanda, ele pede sentido, significação à Articulando o inarticulável.
Entretanto neste percurso  deparamo-nos também com nossos limites e nossa finitude. Do tempo postergado a um infinito, ao tempo contado e falado. O lapso, ato falho, sonho e sintoma entram no discurso e passam a ter relevância. Queremos dia-a-dia entender o que se passa.
·         A partir da transferência o inconsciente é colocado em pauta.

Esse entender o que se passa, transforma-se também, no decorrer de uma análise. Há um limite nesse saber, nem tudo tem explicação. Algo não é apreendido,escapa...gerando a principio dor, e perda. E posteriormente  movimento e criação.  Dia a dia na análise nos encaminhamos, a uma parte de nós que não queríamos saber, mas que descobrimos e nos apaixonamos, mas ainda fica a pergunta: para onde conduz uma análise?
       O sujeito vem a análise acreditando numa resposta, complementação e significação.
       Acontece justamente o oposto, quanto mais encontra significações/associado a transferência/ ato do analista à esvaziamento do imaginário. (ideais, conceitos, narcisismo).
       Árduo caminho: furo da estrutura – objeto a.
       Castração/Travessia da fantasia
       Insustentável leveza do ser.
       Estilo além do pai
       Invenção
       Criação

Referências:
FREUD S. Análise terminável e análise interminável (1937). In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
FINGERMANN, D.; DIAS, M.M. Por causa do Pior. São Paulo: Iluminuras, 2005.
QUINET A. 4+1condições da análise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

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