terça-feira, 10 de julho de 2012

O sintoma em psicanálise


O sintoma em psicanálise



Na teoria psicanalítica o sintoma é uma das formações do inconsciente.

É  aquilo que o paciente reconhece como tal,  não aquilo que o médico aponta. A prática médica trabalha com sinais e sintomas, que são mensuráveis e objetivos, como por exemplo a febre.  A psicanálise busca compreender os sintomas, na sua dimensão subjetiva, o sintoma é ao mesmo tempo uma marca que o sujeito tem, o seu estilo de estar no mundo, mas também  aquilo que pode incomodar e  provocar desprazer, um mal estar. E é esse incômodo que motiva o sujeito  a buscar uma análise.

Enfim,  para que um sintoma motive a busca a um analista ele deve estar em discordância com a organização subjetiva do sujeito e provocar conflito.

Em seu trabalho com as  histéricas Freud percebe que oferecendo-lhes à palavra, a possibilidade de falar sobre seus sintomas, eles tendiam a desaparecer, podendo, passar do corpo à palavra.

Não sentido à Sentido

A via do tratamento em psicanálise é a linguagem, a possibilidade de traduzir em palavras, algo que angustia o sujeito. Num processo de análise cabe ao analista possibilitar que a queixa torne-se um sintoma analítico que interrogue o sujeito. Isso ocorre através da transferência/desejo do analista.

Apesar de causar dor, contraditoriamente o sintoma surge como uma possibilidade de se obter um certo equilíbrio, ele tem uma função homeostática, para a psicanálise é dor, sofrimento, mas também uma satisfação, porque evita uma dor maior. Ele é uma forma de satisfazer a pulsão, mas não consegue. O sintoma é uma saída de saúde, muitas vezes precária, mas a única que garante certa organização para o sujeito.

Ou seja, a análise surge como possibilidade de remanejamento do destino pulsional que o nó do sintoma parece absorver, de forma que a pulsão encontre outras possibilidades de escoamento mais livres.

O sintoma e a transferência:

....Assim começa uma análise: com a transferência do sintoma para a figura do analista.

O sintoma é endereçado ao analista, consequentemente o analista torna-se destinatário do sintoma e num outro momento torna-se a causa do sintoma.

O analisando busca uma resposta imediata ao seu sofrimento, mas está  é impossível para aquilo que o analisante procura. Alias o analisante busca uma complementação, uma resposta/resolução para sua dor e seu mal estar.

O efeito terapêutico de uma análise está atrelado à transferência, que utiliza a linguagem como instrumento.

Mas como pode finalmente acontecer o desenlace de todos esses sintomas e questionamentos do analisando que têm como origem seu sofrimento? Em outras palavras, sob a perspectiva da finalidade da psicanálise, a que nos conduz o fim de análise em relação ao sintoma?

O objetivo de uma análise é a reinvenção do sujeito, é a ultrapassagem do sujeito pelo rochedo da castração e de sua fantasia fundamental.

Essa fantasia constituída em seus primórdios, faz com que o sujeito perceba o mundo sob uma ótica, geralmente paralisante, uma certa zona confortável que a neurose o coloca, um lugar supostamente de completude. Ele é  objeto de gozo e de sofrimento. Lugar também do narcisismo e dos ideais inalcansáveis e impossíveis.

A psicanálise não tem por finalidade perseguir a cura por mais que o analisando a almeje e acabe por fim até experimentando uma melhora considerável dos seus sintomas.

Referências:


OCARIZ , M.C.  O sintoma e a clínica psicanalítica.São Paulo: Via Lettera, 2003.
PAULA, K. Do espírito da Coisa: um cálculo de graça. São Paulo: Escuta, 2008.
VEGH, I. As intervenções do analista. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2001




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