O desejo dos pais começa antes mesmo do
nascimento do bebê. Existem expectativas, frustrações, projetos, projeções e
inibições a serem realizadas por esta futura criança, tanto concretamente,
quanto nos aspectos inconscientes e inacessíveis. Segundo Manonni(1987), a
criança, geralmente tem por missão reparar o fracasso dos pais, ou mesmo, de
realizar-lhes os sonhos perdidos.
O nascimento traz um bebê da realidade, com suas características que lhe são próprias. Entretanto, diferente daquele bebê que os pais fantasiaram. Segundo Tepermen(1996), o desejo fantasiado da gestação precisa de uma adequação, àquele que nasce. Os pais, a princípio, darão significados a cada característica deste bebê, e geralmente se adaptando a realidade.
O nascimento traz um bebê da realidade, com suas características que lhe são próprias. Entretanto, diferente daquele bebê que os pais fantasiaram. Segundo Tepermen(1996), o desejo fantasiado da gestação precisa de uma adequação, àquele que nasce. Os pais, a princípio, darão significados a cada característica deste bebê, e geralmente se adaptando a realidade.
O bebê nasce imerso num mal entendido
fundamental, à medida que é um ser falado. Entretanto, o bebê tem para com os
pais, um lugar único. Essa apropriação por parte dos pais e do bebê se dá
naturalmente, a partir dos recursos disponíveis.
Num primeiro momento, o bebê está numa
posição de desamparo e dependência absoluta. Esta dependência absoluta, não se
trata de passividade, Rodulfo (1990) frisa o movimento do bebê na, escolha dos
significantes disponíveis do mito familiar:
“(...)para ir em busca desses significantes indispensáveis, é
condição necessária que ali haja Outro: corpo familiar, mito, arquivo; que
ofereça significantes, que dê lugar.” [1]
O processo de assujeitamento, que o
bebê se submete, em favor do desejo do Outro, denomina-se alienação.
Entretanto, essa submissão não é total, existindo uma brecha para as diferenças
individuais. O bebê entra com algo que é seu. Portanto a construção do corpo do
bebê, não ocorre somente por parte dos pais, trata-se de um jogo assimétrico,
situado a partir de uma dependência absoluta ao Outro.
Na realidade, o bebê se vê a partir da
mãe, que é, o Outro, tesouro de significantes. O ser humano, na realidade desconhece
quem é, pois ainda neste momento, se encontra na profunda alienação.
Num determinado momento, a partir do
estádio do espelho, ocorre uma antecipação do psíquico, ao biológico, fazendo
com que o bebê tenha a ilusão de integração.
“O estádio do
espelho é um drama cujo alcance interno se precipita da insuficiência para a
antecipação e que para o sujeito, tomado no equivoco da identificação
espacial”.[2]
O estádio do espelho é um momento de
identificação, consistindo na transformação, que se produz no sujeito quando
ele assume uma imagem. “Esse é você”
irá resultar num “sou eu”. A criança
se vê através do olhar do outro, mas para ela se apoderar dessa imagem, é
necessário que tenha um lugar no Outro.
A mãe dá ao bebê, sua primeira
nomeação. No colo, quando a criança volta à cabeça em direção à sua mãe e olha
de volta para o espelho, ela está pedindo que a mãe comprove sua descoberta e
diga-lhe: “sim, é você, fulano, meu
filho”.
Em relação à constituição da linguagem,
o bebê,
se assujeita ao desejo do Outro, consequentemente é um ser de linguagem, existindo,
à medida que a palavra o moldou de um vazio.
“A alienação dá origem a
uma pura possibilidade de ser”[3]
A alienação representa a
instituição da ordem simbólica, a atribuição de um lugar para este sujeito no
campo simbólico.[4]
Segundo Fink(1989), o sujeito lacaniano está baseado na nomeação de um vazio. Aquilo que funda o sujeito é o significante, este causado pelo desejo do Outro.
Segundo Fink(1989), o sujeito lacaniano está baseado na nomeação de um vazio. Aquilo que funda o sujeito é o significante, este causado pelo desejo do Outro.
A Linguagem e desejo são tramas do mesmo tecido, a
linguagem é permeada pelo desejo, e o desejo é inconcebível sem a linguagem,
feito da matéria prima da linguagem.[5]
Segundo Tepermen(1996) o olhar da mãe, que conjugado à sua voz, nomeia, e dá um lugar para o bebê na família, na sociedade, no campo do simbólico. Esse Outro irá instituir um lugar a partir do qual, o mundo poderá ser organizado, um mundo onde o imaginário pode incluir o real e ao mesmo tempo formá-lo.
Segundo Tepermen(1996) o olhar da mãe, que conjugado à sua voz, nomeia, e dá um lugar para o bebê na família, na sociedade, no campo do simbólico. Esse Outro irá instituir um lugar a partir do qual, o mundo poderá ser organizado, um mundo onde o imaginário pode incluir o real e ao mesmo tempo formá-lo.
“O que a criança busca é fazer-se desejo de
desejo, poder satisfazer o desejo da mãe, quer dizer to be or not to be, o
objeto de desejo da mãe (...). Para agradar a mãe (...) é preciso e basta ser o
falo. “[6]
O que parece uma relação dual, na
realidade trata-se de uma tríade entre: mãe-bebê-falo. A criança é o objeto de
desejo da mãe. Um jogo de demanda e desejo da dupla: mãe e bebê. A mãe é tudo e
toda para o bebê, pois neste momento não há nada fora da mãe.
No entanto, esta
relação exclusiva e excludente, tão necessária nos primórdios da vida, em determinado
momento, deve ser interrompida, pois a lei da mãe é uma lei não controlada.
[1]
Rodulfo, 1990 O brincar e o significante.
p 52
[2]
DOR ,1989, Introdução a Leitura de Lacan-
O inconsciente estruturado como linguagem. p.79
[3] FINK,1998,
O sujeito Lacaniano: entre a linguagem e
o gozo.p.74
[4]
FINK, 1998, O sujeito Lacaniano: entre a
linguagem e o gozo.p.75
[5]
FINK ,1998, O sujeito Lacaniano: entre a linguagem e o gozo.p.73
[6]
Lacan (1999) Seminário 5. Formações do Inconsciente p. 192
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