quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O piloto automático: a vida nas grandes cidades.
















Hoje em dia vivemos numa imensa correria.,,,

Eu estava numa biblioteca, coisa que faço as segundas feiras, quando automaticamente estava entregando um livro a uma mulher. Percebi o olhar de estranhamento dela para mim e para o livro, e me dei conta do que estava fazendo...Eu estava ali para utilizar a sala de leitura e não para entregar um livro...A mulher percebeu o meu ato e disse: "Isso acontece porque ficamos ligados no automático, simplesmente agimos sem pensar." Essa fala dela me chamou atenção para essa coisas, que fazemos mergulhados em nós mesmos...pensando na próxima atividade a executar.  

Em apenas um dia: trabalhamos, estudamos, cuidamos de nós e dos outros. Passamos horas nos deslocando num trânsito infernal, dormimos, comemos, nos exercitamos, lemos, tentamos ficar bonitos, arrumamos a casa, assistimos TV, surfamos na internet, vamos para balada, Ufa, além dessa quantidade imensa de tarefas  fazemos três a quatro ao mesmo tempo. No mesmo momento: ajudamos os filhos a fazerem lição, fazemos o jantar, assistimos TV, damos uma olhada na Internet...e se bobear atendemos ao telefone. Fica a pergunta: Será que quando fazemos todas essas coisas ao mesmo tempo, fazemos  alguma coisa de fato? 

Acredito que não. Pelo menos uma ou duas dessas atividades não estão sendo executadas de fato, pois fazemos tudo isso ligados no "piloto automático." Não somos nós que fazemos, mas a atividade se faz. Consequentemente não saboreamos aquilo que deveria ser saboreado: nossos filhos, nossos gostos,nossos sonhos, os detalhes, nossos prazeres....nossa vida.  Lógica muito louca....fazemos muito, mas não fazemos nada....E, ao final do dia estamos exaustos!!!! 

Geralmente, o que fica em nossa mente é: "tenho que", "Qual a próxima coisa a fazer", Faz-se muito, mas a sensação que fica é: "gastei todo tempo, mas não fiz nada daquilo que queria, ou aquilo que realmente era importante."  Isso quando pensamos em alguma coisa, pois geralmente o que  surge a mente é: "Tenho que...tenho que...tenho que..." 

Esse "tenho que" advém da nossa infância. Obrigações que ouvimos desde que éramos crianças, a partir das expectativas dos outros (pais, amigos, escolas), onde tínhamos que: estudar, comer, tomar banho  e dormir. Essas obrigações impostas pela cultura, cujo porta voz eram nossos pais, foram importantes, num momento onde não tínhamos essa ideia de rotina e de organização

Já crescidos, essas ordens que vinham de fora, passam a vir de dentro de nós, como imposições ou expectativas: Um bom garoto é aquele que tem...Uma boa menina é ou tem...

Enfim, construímos uma série de imposições à nos mesmos, em nome de expectativas que nós mesmos construímos...e como não damos conta disso tudo...ligamos o piloto automático e ficamos presos uma vida inteira nesse circuito.  Será que isso é o melhor que podemos fazer a nós mesmos?  


Saborear cada dia de vida dá trabalho e para isso precisamos soltar as amarras que impomos a nós mesmos e aos outros. Muitas dessas imposições que cumprimos sem pensar relacionam-se a nossa expectativa de que se cumprirmos ou "fizermos tudo certo" seremos amados. Baita engano, pois não temos acesso as expectativas do outro.  

Outro ponto importante e fundamental para desligarmos o piloto automático é criar um espaço para a reflexão...o famoso contar até 10. Nem sempre isso é possível, mas em geral é possível. 

Descobrir as prioridades...O que é realmente importante para mim? Não precisamos atender todas as ligações. Não  precisamos corresponder a todas expectativas no trabalho? Não precisamos saber de todas as notícias?  Enfim...a liberdade saboreada demanda trabalho árduo...diário, mas que vale a pena. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário