A sociedade hoje é extremamente
imediatista e visual. Temos a ilusão que sabemos sobre tudo e se não sabemos
sobre algo é que ainda não fizemos uma busca na internet.
Basta uma palavra buscada, aparecem
conceitos, sinônimos, filosofias, crônicas e filmes. Como um passe de mágica,
do não saber, passamos ao saber. Com a internet temos a sensação de que temos
acesso a toda informação, podemos saber e entender sobre tudo, e aquilo que
desconhecemos basta procurar no Google. Do saber ao não saber não há distância.
Temos acesso a milhões de informações,
mas quais delas apreendemos de fato, em nossas vidas? Acredito que para sabermos realmente sobre
algo é necessário que este conhecimento
advenha de nosso interior para o exterior e que a partir dessas informações
consigamos fazer articulações. A princípio trata-se de um desejo de saber, um enigma é colocado. A partir dai procuramos
significações. Neste pequeno movimento de nos questionar existe um trabalho
criativo, intelectual e instigante.
Será que quando encontramos o
conhecimento pronto e um “modo de fazer” pré- estabelecido. De alguma forma não
estamos apenas repetindo o mesmo? Não deixando um espaço para surgir o novo?
Quando crianças, geralmente,
temos uma intensa curiosidade sobre nós e os outros. Da onde nascem os bebês?
Desejo de saber sobre nossa origem. Todo conhecimento nasce deste desejo de
saber sobre a natureza, o corpo, sobre o que existe e é, em algum momento,
obscuro para nós. Querer saber sempre revela uma falta, a de que não sabemos. A
ignorância é nosso estado natural, mas o desejo de saber é o que nos coloca
dentro da cultura, mesmo que ele não seja mais do que um processo em busca do
saber.
Na sociedade atual tenho a
impressão que existe a tentativa de se saber sobre tudo, mas sem saber sobre
nada de fato. A internet nos responde sobre tudo, mas muitas vezes respostas
equivocadas. Não deixando espaço para o não saber, uma tentativa de tamponar a
falta, não havendo espaço para a ignorância. Por outro lado a ignorância em
nossa sociedade é vista de forma pejorativa, como se o não saber fosse algo
vergonhoso, mas saber por saber sem desejo, adianta para que?
Sábios de fato são aqueles
que, como Sócrates assumem o sei-que-nada-sei, ou seja, descobrem que o saber
está na caminhada e não o objetivo, que sua construção é a busca e não um
estágio final bem-aventurado onde toda dúvida se dissipa. As descobertas, seja
na ciência, seja na vida, são sempre momentos, passos, num caminho infinito de
buscas.
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