quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dissolução do Complexo de Édipo - Freud 1924

DISSOLUÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO - 1924

Neste texto, Freud aborda a dissolução do complexo de Édipo no menino e na menina, entretanto no caso dela, a questão parece como uma incógnita, ainda calcado por deduções referenciados no complexo de Édipo no menino e no contexto social da mulher naquele momento.

Outro ponto interessante deste texto é a determinação do Édipo, como algo que tem início e fim  estabelecido pela hereditariedade. A dissolução do Complexo de Édipo ocorre por desapontamentos penosos vividos por meninos e meninas, sendo  o fenômeno central do período sexual da primeira infância.

No caso do menino: os investimentos nos pais como objetos de desejo e amor são abandonadas e substituídas por identificações. A autoridade do pai ou dos pais é introjetada formando o núcleo do superego, que assume a severidade do pai e perpetua a proibição deste contra o incesto. 

A menina sente-se amada por seu pai, porém em determinado momento é retirada deste idílio. 

Tanto no menino como na menina a carga libidinal pertencente ao complexo de Édipo é em parte dessexualizada e sublimada (coisa que provavelmente acontece com toda transformação em uma identificação) e em parte são inibidas em seu objetivo e transformadas em impulsos de afeição. Introduzindo o período de latência, que agora interrompe o desenvolvimento sexual da criança.

Se o eu, na realidade, não conseguiu muito mais que uma repressão do complexo, este persiste em estado inconsciente no id (Recalque) e manifestará mais tarde seu efeito patogênico

Na menina, o Complexo de Édipo se dá de maneira mais complexa, interrogando mesmo a figura de Freud: “Como se realiza o desenvolvimento correspondente nas meninas?”

“Nesse ponto nosso material, por alguma razão incompreensível, torna-se muito mais obscuro e cheio de lacunas. Também o sexo feminino desenvolve um complexo de Édipo, um superego e um período de latência. Será que também podemos atribuir-lhe uma organização fálica e um complexo de castração? A resposta é afirmativa, mas essas coisas não podem ser as mesmas como são nos meninos. Aqui a exigência feminista de direitos iguais para os sexos não nos leva muito longe, pois a distinção morfológica está fadada a encontrar expressão em diferenças de desenvolvimento psíquico.”

O clitóris inicialmente comporta-se exatamente como um pênis, porém quando ela compara seu órgão ao do menino, percebe a diferença. E isso é sentido como injusto e a faz sentir-se como inferior. Tem ainda o anseio de que quando crescer terá um órgão como o do menino, mas este anseio cai por terra pouco a pouco.


“A renúncia ao pênis não é tolerada pela menina sem alguma tentativa de compensação. Ela desliza — ao longo da linha de uma equação simbólica, poder-se-ia dizer — do pênis para um bebê. Seu complexo de Édipo culmina em um desejo, mantido por muito tempo, de receber do pai um bebê como presente — dar-lhe um filho. Tem-se a impressão de que o complexo de Édipo é então gradativamente abandonado de vez que esse desejo jamais se realiza. Os dois desejos — possuir um pênis e um filho — permanecem fortemente catexizados no inconsciente e ajudam a preparar a criatura do sexo feminino para seu papel posterior.”

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