quinta-feira, 21 de agosto de 2014

REVISÃO DA TEORIA DOS SONHOS (1932) - S. Freud - Parte I


REVISÃO DA TEORIA DOS SONHOS (1932) - Parte I


Quando Freud escreve a conferência XXII no qual esta contido  o texto "A revisão da teoria dos sonhos", já  percorreu um longo caminho na construção da psicanálise, articulou e desarticulou diversos conceitos. 

Neste texto ao meu ver, a teoria psicanalítica tem consistência, isto é os conceitos estão consolidados. Promovendo ao leitor melhor compreensão naquilo que Freud quer dizer, afinal neste momento a teoria já está construída. apesar de que Freud  deixa sempre aberto sua teoria a novas articulações e reflexões. 

Antes do livro a  Interpretação dos sonhos (1900), o sonhar tinha a conotação de oráculo, com  caráter premonitório. 

Após a invenção da psicanálise os sonhos  saíram da esfera do místico à possibilidade da interpretação do Inconsciente e da singularidade de cada sujeito. O sonhador tem um saber de si que desconhece, na análise esse "saber" é construído pelo analisante, a partir das associações, inclusive a partir dos sonhos do sonhador. 

No sonhar há diferenças entre o conteúdo manifesto e latente, isto é, quando a pessoa narra o sonho ao analista( conteúdo manifesto), existem aspectos não claros, que parecem confusos ao sonhador, mas que lhe chamam a atenção(geralmente é ai onde o sujeito "titubeia" que se formam os conteúdos latentes). As associações feitas pelos analisantes a partir das formações do inconscientes são construídas na análise. Até o momento da análise, os sonhos, lapsos, atos falhos e sintomas eram vistos como equívocos, erros, algo vindo de fora, que não faziam parte dele. Em análise esses conteúdos inconscientes começam a ter um caráter enigmáticos e  são levados em conta pelo sujeito. 

"O caráter exótico das asserções que ela foi obrigada a apresentar, fê-la desempenhar o papel de senha, cujo uso decidiu quem poderia tornar-se seguidor da psicanálise e a quem ela permaneceria para sempre incompreensível. Eu próprio considerei a teoria dos sonhos âncora de salvação durante aqueles tempos duros nos quais os fatos não-reconhecidos das neuroses costumavam confundir meu julgamento inexperiente. Sempre que eu começava a ter dúvidas com referência à correção de minhas conclusões hesitantes, a transformação exitosa de um sonho absurdo e intrincado em processo mental inteligível da pessoa que teve o sonho vinha renovar minha confiança de estar no caminho certo."(S. Freud - Revisão da teoria dos sonhos)

Segundo Freud os sonhos são de natureza sexual e são realizações de desejos inconscientes - Os conteúdos dos sonhos relacionam-se a questão do amor e desejo e da divisão entre os sexos. O amor da ilusão da complementaridade, o desejo situa-se na busca pelo objeto perdido(falta). Ambos presentes na dialética do ser e ter -  ser como aquele, para ter...

Se os sonhos são realizações de desejos, por que temos pesadelos, ou sonhos de angústia: Qual desejo realizamos nestes sonhos?  

A interpretação do sonhos deve ser calcada na escrita do sonhador e a sua narrativa feita ao analista, não podendo ser tomado como uma comunicação social, isto é. O sonho é direcionado ao analista, por conta da própria transferência. Alguém contar um sonho na mesa de um bar, é apenas um sonho contado. A palavra ou escrita de um sonho tem um tom particular em análise.

Como analistas, diz Freud sobre a comunicação:

Se formos capazes de transformar o sonho em uma comunicação de valor desse tipo, evidentemente teremos a perspectiva de aprender algo novo e de receber comunicações de uma espécie que de outro modo seria inacessível para nós." (S. Freud - Revisão da teoria dos sonhos)

(CONTINUA)

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