quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Proposta de Grupo de estudos

Grupo de Estudos:
A constituição da sexualidade  -  Sigmund Freud
Amor & Desejo

“ Tudo é mistério no amor;
Suas flechas, sua aljava, sua infância;
Não é obra de um dia esgotar essa ciência.
Portanto não pretendo aqui tudo explicar;
Quero apenas dizer, a minha maneira... ”
Jean de La Fontaine
L´Amour el la folie


Quando nos debruçamos sobre o  desenvolvimento psicossexual humano  abordamos a entrada do sujeito na linguagem/cultura. A via dessa entrada é o amor e o desejo. Algo que nos  impulsionará ou não sobre as coisas do mundo: escolhas, encontros e desencontros. 
Somos constituídos a partir de um encontro com outro (mãe ou cuidador), calcado por diversos desencontros com este mesmo outro.  


Textos:
Conferência XXII             Revisão da teoria dos Sonhos  (1932-1936)
Sobre o narcisismo (1914)
O sentido dos sintomas
A vida sexual dos seres humanos
As pulsões e suas vicissitudes (1917)
Mais além do princípio do prazer (1920)
A organização genital infantil (1923)
O Ego e o Id (1923)
A dissolução do complexo de Édipo (1924)
Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos (1925)
Fetichismo (1927)
Feminilidade (1932)
Comentadores:
O pai e sua função em psicanálise (1991)  Joel Dor
O que quer uma mulher? (1987)  Serge André
O amor é o crime perfeito (2001) Jean Claude Lavie
Abandonarás teu pai e tua mãe (2000) Philippe Julien
Constituição do sujeito e estrutura familiar (2003) Michele Roman Faria


Paula Adriana Vieira das Neves Couto

Praticante de psicanálise, especialização em psicanálise e linguagem:  uma Outra psicopatologia PUC – SP e participação em diversas atividades voltadas a psicanálise.

A quem se destina: estudantes de psicologia, psicanalistas, profissionais de educação  e interessados no tema.
Dia e hora:                                                   
Segunda Feira -   19:00 – 20:00 ou;
Sábado– 10:00 – 11:00

Investimento: R$ 30,00 por encontro. O pagamento pode ser feito no próprio dia.
Inscrições: Confirme sua participação através do e-mail: paulaadriana.couto@gmail.com ou paulaadriana.couto@bol.com.br

Local:  Avenida Voluntários da Pátria, 2525 – cj 75 Santana – São Paulo SP – Próx. ao metro Santana
Telefone: (11)3715-8494
 

REVISÃO DA TEORIA DOS SONHOS (1932) - S. Freud - Parte I


REVISÃO DA TEORIA DOS SONHOS (1932) - Parte I


Quando Freud escreve a conferência XXII no qual esta contido  o texto "A revisão da teoria dos sonhos", já  percorreu um longo caminho na construção da psicanálise, articulou e desarticulou diversos conceitos. 

Neste texto ao meu ver, a teoria psicanalítica tem consistência, isto é os conceitos estão consolidados. Promovendo ao leitor melhor compreensão naquilo que Freud quer dizer, afinal neste momento a teoria já está construída. apesar de que Freud  deixa sempre aberto sua teoria a novas articulações e reflexões. 

Antes do livro a  Interpretação dos sonhos (1900), o sonhar tinha a conotação de oráculo, com  caráter premonitório. 

Após a invenção da psicanálise os sonhos  saíram da esfera do místico à possibilidade da interpretação do Inconsciente e da singularidade de cada sujeito. O sonhador tem um saber de si que desconhece, na análise esse "saber" é construído pelo analisante, a partir das associações, inclusive a partir dos sonhos do sonhador. 

No sonhar há diferenças entre o conteúdo manifesto e latente, isto é, quando a pessoa narra o sonho ao analista( conteúdo manifesto), existem aspectos não claros, que parecem confusos ao sonhador, mas que lhe chamam a atenção(geralmente é ai onde o sujeito "titubeia" que se formam os conteúdos latentes). As associações feitas pelos analisantes a partir das formações do inconscientes são construídas na análise. Até o momento da análise, os sonhos, lapsos, atos falhos e sintomas eram vistos como equívocos, erros, algo vindo de fora, que não faziam parte dele. Em análise esses conteúdos inconscientes começam a ter um caráter enigmáticos e  são levados em conta pelo sujeito. 

"O caráter exótico das asserções que ela foi obrigada a apresentar, fê-la desempenhar o papel de senha, cujo uso decidiu quem poderia tornar-se seguidor da psicanálise e a quem ela permaneceria para sempre incompreensível. Eu próprio considerei a teoria dos sonhos âncora de salvação durante aqueles tempos duros nos quais os fatos não-reconhecidos das neuroses costumavam confundir meu julgamento inexperiente. Sempre que eu começava a ter dúvidas com referência à correção de minhas conclusões hesitantes, a transformação exitosa de um sonho absurdo e intrincado em processo mental inteligível da pessoa que teve o sonho vinha renovar minha confiança de estar no caminho certo."(S. Freud - Revisão da teoria dos sonhos)

Segundo Freud os sonhos são de natureza sexual e são realizações de desejos inconscientes - Os conteúdos dos sonhos relacionam-se a questão do amor e desejo e da divisão entre os sexos. O amor da ilusão da complementaridade, o desejo situa-se na busca pelo objeto perdido(falta). Ambos presentes na dialética do ser e ter -  ser como aquele, para ter...

Se os sonhos são realizações de desejos, por que temos pesadelos, ou sonhos de angústia: Qual desejo realizamos nestes sonhos?  

A interpretação do sonhos deve ser calcada na escrita do sonhador e a sua narrativa feita ao analista, não podendo ser tomado como uma comunicação social, isto é. O sonho é direcionado ao analista, por conta da própria transferência. Alguém contar um sonho na mesa de um bar, é apenas um sonho contado. A palavra ou escrita de um sonho tem um tom particular em análise.

Como analistas, diz Freud sobre a comunicação:

Se formos capazes de transformar o sonho em uma comunicação de valor desse tipo, evidentemente teremos a perspectiva de aprender algo novo e de receber comunicações de uma espécie que de outro modo seria inacessível para nós." (S. Freud - Revisão da teoria dos sonhos)

(CONTINUA)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

"Eu te amo" - senha


Quero muito falar de amor, mas o que falar do amor?
Em nome deste sentimento as pessoas doam, se doam, morrem e matam. Que sentimento é esse que nos causa, pelo simples fato de tentarmos pensar nele?

O amor é o contrário do ódio, portanto são faces da mesma moeda.

Qual é o avesso do amor, a indiferença ou a placidez?

É possível alguém não amar nada ou ninguém? 

Trata-se do mesmo amor, quando amamos um filho, amigo,ou um companheiro? Esses amores tão diferentes tem a mesma origem? E, finalmente a pergunta que não quer calar? Somos capazes de amar uma vida inteira, mesmo quando este amor nos proporciona diversas rasteiras desta vida inteira?

Há alguns anos atrás resolvi escrever sobre o amor, o romantismo que rodeia este afeto. Neste momento um autor me chamou a atenção: Jean Claude Lavie e o seu livro: "O amor é o crime perfeito." 
Este livro aborda diversos temas e sobretudo o amor:

"O que querem de você quando lhe dizem: Eu te amo?
A declaração não declara o que declara. Nem mesmo se é uma proposta ou um pedido.
A magia da fórmula não decorre de seu sentido, mas de sua elocução. Sem dizer o que requer, ela simplesmente exige.
"Eu te amo" é uma chave, uma senha.
Aquele que expressa sua paixão confere a si mesmo direitos. O amor tem a estranha virtude de legitimar o que é tramado em seu nome. Do ardor à carícia, não há o que justificar, do despeito à violência, tampouco. O que quer de você quem te ama é irrecorrível. O amor só se autoriza por si mesmo.
A que expomos quando amamos?
Ao pior evidentemente! Tanto da parte do outro como de si mesmo.
O amor convida a sofrer e a fazer sofrer. Enaltece o que padecemos e também o que fazemos padecer. O amor contenta porquanto cega. Dá ares de nobreza às nossas maiores fraquezas. Em seu nome tudo pode ser feito. 
Em seu nome tudo se faz.
Amor será loucura?"