Filme Asas do desejo
Nesta semana assisti o filme: “Asas do desejo”. História rica em imagens e de possíveis reflexões. Asas do Desejo não é de maneira
nenhuma um filme óbvio: rico em
detalhes, demonstrando a sincronia entre trilha sonora, imagens e as falas dos
atores. Um filme que me fez pensar sobre a vida, escolhas, e a contradição do
amor e o desejo.
Vamos ao filme:
Dammiel(Bruno Gans) e Cassiel(Otto Sander) são dois anjos que
circulam pelos céus e ruas de Berlim. São “Anjos da guarda” que acompanham os
humanos, escutando seus pensamentos, angustias e lamentações. A proximidade dos anjos aplaca a angústia humana. Só as crianças
podem vê-los. O mundo dos anjos é em preto e branco, enquanto os humanos veem e
vivem em cores. Talvez essa ausência de
cores marque a diferença entre o mundo dos anjos e dos humanos. Os primeiros
são eternos, podem circular por céus e terras, mas não saboreiam a vida em
todas as suas nuances. A vida humana tem sabores, amores e dores que só nos humanos
podemos sentir. (Pelo menos até onde conheço do mundo celeste.)
Um dia Dammiel se depara com Marion(Solveig Dommartin), uma
bela mulher e trapezista francesa que trabalha num circo. Ela se sente sem
perspectivas e pensa em largar tudo(filme se passa no pós-guerra). A princípio a aproximação se dá pela semelhança, pois ela está fantasiada com belas asas. Entretanto é só uma fantasia...Ele a segue até o quarto e a vê despir-se, perder as assas. Neste momento há o encontro entre um anjo e um humano, ele como anjo tem a capacidade de diminuir a angustia, e sua simples aproximação a faz sentir-se muito bem e completa. Será isso amor? Marion por sua vez sedutora e desejante, mesmo sem querer fisga Dammiel pelo desejo. O anjo tocado pela paixão, pela beleza daquela mulher tenta tocá-a ,entretanto é um anjo e o seu toque é etéreo: não sente e nem é sentido.
Para poder amá-la plenamente Dammiel, tem de perder a
imaterialidade e descer a terra. Tornar-se humano, significa a possibilidade de
desfrutar desta mulher, mas também abrir mão da eternidade e tornar-se
mortal. E Dammiel por amor torna-se
humano, mortal e sexuado. Torna-se humano por amor ou pelo desejo?
A humanidade traz consigo a tentativa de aprender, como uma criança, os diferentes
nuances do mundo que antes só presenciava e não sentia: o sangue é
vermelho e tem sabor, as figuras grafitadas no Muro de Berlim foram pintadas de
cinza e ocre, e que os olhos podem ser azuis. As angustias e tristezas de ser humano são
vividas. Como encontrar aquela mulher? Um certo vazio inerente a humanidade aparece, e que num primeiro momento o motiva a caminhar e buscar. Enfim a humanidade traz consigo
a possibilidade do toque, do olhar, do prazer das pequenas satisfações, mas
também traz consigo a dor de existir, do risco de ser vivente.
Em relação ao amor e o desejo, fiquei com uma pergunta: Seria
possível esse amor? Já que quando anjo Dammiel tinha a função de aplacar a
angustia, a falta de perspectivas de Marion? Será que ela o desejaria como
humano sem esse poder? Dammiel precisaria aprender a conquistar essa mulher
como humano, mas o que quer uma mulher? Como humano é possível ser amado por essa mulher?
O diretor alemão Win Wenders teve muito exito com este filme, um dos mais cultuados na carreira do diretor e um dos grandes momentos do cinema europeu dos anos
1980. O drama de amor quase impossível
entre o anjo e a trapezista é um dos pontos fortes de seu poder de
encantamento, mas o filme guarda outros elementos igualmente sedutores.
“Asas do desejo” (1987)
Diretor: Win Wenders
Nenhum comentário:
Postar um comentário