No século XIX a realidade da mulher era ainda de submissão
extrema. O casamento por conveniência era ainda a única saída para a mulher
de sobreviver com dignidade, a infidelidade era algo considerado
extremamente grave para a mulher. Este lugar de submissão ao homem, a coloca
como objeto particular. Ainda neste período não haviam direitos igualitários
entre sujeitos femininos e masculinos.
Por outro lado, é percebido nos países europeus e também nos Estados Unidos, neste mesmo período, um contexto de queda brusca das taxas de natalidade - o que obviamente implicava a desvinculação do sexo do seu objetivo reprodutor. A sexualidade sai do campo privado do casamento e da procriação, para o público, onde as novas relações são entendidas como perversas.
mulher sensual |
Neste período surge a teoria de Freud sobre o papel da sexualidade na etiologia das "doenças nervosas". Vai surgindo também a ideia de que as transgressões da sexualidade eram uma prerrogativa masculina: a liberdade sexual e o poder intelectual como condição masculina.
As práticas sexuais pecaminosas (sexo sem procriação) e as transgressivas (prostituição, aborto, travestismo e amizades românticas) tinham como resultado a punição, porque eram vistos como transgressões à moral sexual .
Os primeiros escritos da psicanálise surgem neste período. Nos hospitais psiquiátricos Freud deparou-se com algumas mulheres, que apresentavam paralisia em alguma parte de seu corpo. Esse sintoma não correspondia a nenhum dano neurológico que pudesse explicar ou fornecer alguma justificativa médica para tal. Utilizando-se dos recursos psicoterapêuticos existentes na época, Freud concluiu que esses sintomas representavam a forma como aquelas mulheres lidavam com dolorosas emoções vivenciadas em momentos anteriores ao aparecimento do sintoma.
A partir de Freud as mulheres puderam ser ouvidas, abrindo o caminho para que o desejo e o prazer se desvinculassem do religioso e da punição cultural. Enunciou o inconsciente como fonte de onde é possível ouvir o que é o bem e o mal para o sujeito.
Até o fim do século passado e início deste, as mulheres, em geral, não eram alfabetizadas e nem tinham ocupação profissional, não podiam votar e entrar sozinhas em um restaurante. Eram educadas para casar, quase sempre sendo escolhidas por seus parceiros. Era esperado também que tivessem filhos. Não tinham quase direito a fazer qualquer escolha, a não ser cuidar do marido, de sua família e de sua casa.
É trabalhando com essas mulheres, que de repente achavam que não mais podiam andar, gritavam de terror ou riam como loucas, que Freud descobre a presença de algo no corpo ou no comportamento, que delata um psiquismo, desejos que não estão expressos e satisfeitos.
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